Em uma retomada histórica, o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Monte Alegre, no oeste paraense, e o escritório regional da Emater no Médio Amazonas estão incentivando assentados da reforma agrária a ampliar e a melhorar o plantio e o beneficiamento de cacau no município.
Na década de 80, Monte Alegre destacava-se pela atividade, mas os plantios perderam-se depois de um período crônico de estiagem. Atualmente, com a parceria da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e da Prefeitura, a Emater tem coordenado capacitações contínuas no Serra Azul, na Gleba Mulata, assentamento referendado pela produção de banana.
Apenas ao longo de novembro, dois treinamentos atualizaram as famílias sobre manejo dos pés de cacau e sobre as possibilidades culinárias a partir do fruto.
No caso, o cacau é um dos principais elementos dos sistemas agroflorestais (safs) orientados pela Emater na Comunidade, junto com o carro-chefe tradicional ali, a banana, e mais essências madeireiras, tais quais ipê e jatobá.
De acordo com os especialistas do Governo do Estado, os safs ajudam a recompor áreas desgastadas em um sentido ambiental e ainda possibilitam diversificação de fonte de alimentos e de renda.
“O cacau é uma planta que requer sombreamento em todas as fases: começamos com a banana, no nível de sombreamento provisório, e depois contamos com as madeiras, a fim de sombreamento definitivo”, explica o chefe do escritório local da Emater em Monte Alegre, o técnico em agropecuária e gestor público Francisco Carlos Lima, de apelido “Pirrique”.
O representante destaca os resultados positivos da dinâmica de capacitação: “Mais instruído, na sensação e na realidade de detentor de conhecimento, o agricultor é motivado a continuar, a expandir a atividade. Reforçamos agora sobre poda estratégica de formação e manutenção dos cacaueiros e trabalhamos, ademais, o preparo de iguarias com grande apelo de segurança alimentar e nutricional e de comercialização, como ‘mel do cacau’ [um néctar adocicado], licor e chocolate”, detalha.
Para o agricultor Pedro Silva, de 56 anos, morador da localidade Pico do Jacaré, aprender novidades é sempre “um grande avanço”: “É agradecer a oportunidade. Pela primeira vez a gente recebeu informação de pessoal especializado sobre a poda certa, a poda adequada, pra saber como executar a poda na nossa lavoura”, diz.
A liderança feminina Ivonilde Souza, de 57 anos, conhecida como “Irmãzona”, à frente do grupo Mulheres de Asa, é uma das 22 mulheres que já iniciaram a produção gastronômica de derivados de cacau: “É muito gratificante. A Emater é um porto-seguro, porque é presente, ativa e proativa. Sou otimista, por isso considero que estes novos negócios vão dar certo. É um caminho de empoderamento das mulheres, uma alternativa pra que as assentadas possam alçar vôos maiores na busca da autonomia financeira”, declara.
Texto de Aline Miranda